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Plutão

Provavelmente um dos primeiros conteúdos de astronomia que você aprendeu no ensino básico foi sobre o Sistema Solar, não é mesmo? Aprendemos também que eram nove planetas que circundavam o Sol: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão. Será que algo mudou desde então? A resposta é positiva, hoje, há oito planetas em torno do Sol, Plutão, o menor deles passou para outra categoria de corpos celestes, os chamados planetas anões ou plutóides.

O objeto de estudo desse trabalho será esse pequeno – adiante você verá que nem tanto assim- corpo do nosso sistema solar. Para isso, primeiramente vamos entender como foi sua descoberta.

Tudo começou quando Alexis Bouvard pela primeira vez  percebeu que a órbita de Urano sofria muitas perturbações, isso era visto através da posição do planeta, isto é, através de cálculos, os cientistas conseguiam prever onde o planeta estava, porém, este nunca estava onde era previsto. Bouvard refez seus cálculos, considerando agora, as perturbações de Saturno e Júpiter, porém as posições previstas continuaram a não coincidir com as reais.

Dessa maneira em 1940, usando a mecânica newtoniana, um astrônomo francês, Le Verrier se dispôs a estudar o problema e junto com o astrônomo alemão Johan Gottfried Galle concluiu que as perturbações na órbita de Urano, era causada pela existência de outro corpo, que estaria em uma região mais afastada, era Netuno.

Agora enfim, o problema estava resolvido? Resposta negativa verificou-se que as perturbações continuavam, agora, em Netuno. Assim, seguindo a lógica, começou se a especular a respeito de um novo planeta, chamando na época de Planeta X, que pudesse explicar as observações.

Percival Lowell em 1894 construiu o Lowell Observatory (EUA) e passou a procurar por esse planeta, porém não teve a felicidade de descobrir-lo. Em 1929, Clyde Tombaugh, um astrônomo amador foi contatado pelo irmão de Lowell, para dar continuidade à busca do planeta X.

Nos primeiros anos Tombaugh persistiu na mesma metodologia usada por outros astrônomos, calculava a região que o planeta deveria estar e depois observava, mas não estava obtendo resultados, foi quando, decidiu observar o céu inteiro e fotografar várias vezes a mesma região do céu, dessa maneira, se existisse algum planeta naquela região, ele conseguiria verificar através de seu movimento. A figura 1, mostra duas fotografia obtidas por Clyde em dias diferentes do ano de 1930, veja que algo se moveu de uma imagem para outra. Foi assim que o planeta Plutão foi descoberto. O seu nome foi dado em homenagem a Percival Lowell e seu símbolo astrônomo é um monograma P-L .

Agora sim parece que tudo se resolve á respeito das perturbações? Na verdade não, para influenciar a órbita de Netuno, Plutão deveria ter no mínimo a mesma massa de Netuno, e isso não é verdade. Portanto fica evidente, que Plutão não era o planeta X e sua descoberta aconteceu por acaso. Mas, afinal quem era o planeta X?

Essa questão só foi esclarecida no ano de 1989, por dados obtidos pela sonda Voyager 2. Entre esses dados estava a massa real de Netuno, que por sinal era menor do que se achava. Assim, quando usava esse valor nos cálculos viu que tudo se encaixava, extinguindo a possibilidade da existência do “planeta X.

 

As particularidades de Plutão

 

O novo planeta descoberto apresentava características bem distintas quando comparadas aos demais planetas. E por isso foi considerado um planeta “anômalo”. Uma delas diz respeito à sua órbita.

As órbitas dos demais planetas do sistema solar são em geral pouco excêntricas, isto é, quase que circular e estão próximas ao plano horizontal chamado eclíptica.

Em contrapartida, Plutão apresenta uma órbita excêntrica e com uma acentuada inclinação de 17° em relação à eclíptica, como mostrado na figura 2.

 

 

Devido à sua órbita excêntrica, veja que Plutão passa à frente da órbita de Netuno e fica mais próximo do Sol durante alguns anos. A última vez que isso aconteceu foi entre 7 de fevereiro de 1979 e 11 de fevereiro de 1999. Plutão leva 249 anos terrestres para completar uma volta em torno de sua órbita.

Outra característica bastante particular, é que Plutão, diferente dos demais planetas do sistema solar não pode ser classificado em planeta gasoso ou rochoso. Grande parte de sua superfície é recoberta de nitrogênio congelado (N2 ) e metano (CH4 ), com pequenas quantidades de monóxido de carbono congelado (CO). Isso faz com que Plutão tenha um comportamento tanto como rochoso como gasoso, isto é, quando ele se encontra em regiões da órbita que estão próximas ao Sol, ele passa a ser considerado gasoso e o contrário, acontece quando ele se encontra em regiões distante do Sol.

Esse conjunto de característica fez com que durante muito tempo, Plutão fosse considerado um estranho mundo gelado com uma temperatura média de -200 em uma órbita diferente.

 

Semelhantes à Plutão e o Debate de 2006 da União Astronômica

 

Após a descoberta de alguns corpos celestes na região do cinturão de Kuiper como, por exemplo, Éris que foi descoberto em 2005 pela equipe liderada pelo astrônomo Michael E. Brown, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, os astrônomos cogitaram a possibilidade de reclassificar Plutão. Isso aconteceu devido ao tamanho similar que esses corpos apresentavam quando comparados com Plutão. Veja que Plutão possui um diâmetro de 2274 km e Éris é maior apresentando cerca de 3094 km de diâmetro. Dessa maneira se Plutão é planeta, porque Éris não seria?

Uma curiosidade bastante interessante é que o nome Éris significa “deusa da discórdia” muito apropriado, uma vez que sua descoberta lançou a discórdia entre os astrônomos quanto à definição de um planeta.

Pouco tempo depois dessa descoberta uma reunião foi feita pela União Astronômica Internacional (UAI) afim de colocar um ponto final nessa discussão. Onze dos dezenove membros da equipe apoiaram que Éris fosse categorizado como planeta, no entanto oito membros propuseram que reduzisse o número de planetas, retirando para isso o título de Plutão. Até a decisão final, todos os corpos celestes que  orbitassem para além de Plutão seriam classificados apenas como objetos transnetunianos.

Em 2006, com uma reunião definitiva veio a decisão que foi aprovada unanimente. Plutão e os novos corpos descobertos foram colocados em uma nova categoria, os chamados planetas anões.

De acordo com as novas regras estabelecidas, para que um corpo celeste seja considerado um planeta, este precisa necessariamente satisfazer três características: orbitar somente o Sol, ser grande o suficiente para que a gravidade consiga moldá-lo dentro de uma esfera e dominar a sua órbita, isto é, ser o objeto com maior massa em em relação à tudo que há nela.Os planetas anões não cumprem o terceiro critério, por exemplo, Plutão e os que estão para além dele ficam em uma região rica em asteróides, o chamado Cinturão de Kuiper, que extingue a possibilidade deles dominarem suas respectivas órbitas.

 

Exploração

 

Recentemente tivemos algumas informações obtidas através da sonda New Horizons lançada com sucesso em 19 de janeiro de 2006. Essa sonda foi a primeira a sobrevoar Plutão, a bordo do foguete Atlas.Chegando em Júpiter, ela usou a gravidade do planeta para acelerar sua velocidade. Desde então, a sonda ficou adormecida e só voltou a transmitir sinais em dezembro do ano passado.Um fato curioso dessa missão, é que as cinzas do astrônomo que descobriu Plutão, Clyde Tombaugh, foram colocas em um recipiente, o qual foi acoplado à sonda.

No dia 14 de julho de 2015, muitos comemoraram afinal a New Horizons conseguiu atingir a máxima aproximação do planeta anão,  cerca de 12.500 km de distância. Esse fato proporciou várias fotografias que comprovaram, por exemplo, que Caronte é a maior lua de Plutão e ainda constatou que Plutão é maior do que se imaginava, com 30 quilômetros a mais de diâmetro e ainda revelou que há montanhas existentes nesse “mundo” que agora já não é mais tão desconhecido assim. (Figura 4).

A sonda continua seu percurso, para desvendar mais informação respeito de outros corpos do cinturão de Kuiper.O seu próximo alvo será 2014 MU69, um objeto transnetuniano, que deve ser visitado em  31 de dezembro de 2018.

 

 

Fonte: Nasa
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